Música
Orquestra de imigrantes e refugiados traz encontro de culturas ao Theatro Guarany
Orquestra Mundana Refugi reúne artistas de diferentes países
Foto: Carlos Queiroz - DP - Orquestra reúne músicos de 12 países
Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)
Nesta terça (17), o 11º Festival Internacional Sesc de Música proporcionou ao público de Pelotas um encontro único de culturas e musicalidades através da apresentação da Orquestra Mundana Refugi. Fundada em São Paulo, é composta por músicos brasileiros, imigrantes e refugiados de diferentes países. No Theatro Guarany lotado, o núcleo instrumental da orquestra, que contou com 14 músicos do Brasil, China, Cuba, Turquia e Guiné, apresentou músicas tradicionais de seus países e também composições autorais.
Idealizado pelo maestro Carlinhos Antunes, o projeto se originou no fim dos anos 90, quando o músico resolveu reunir artistas estrangeiros que moravam em São Paulo para tocarem juntos. Em 2002, o projeto foi batizado de Orquestra Mundana. "Essa era uma forma dos músicos se conectarem aos brasileiros e dos brasileiros se conectarem a culturas que aparentemente eram distantes, mas não são", conta Antunes.
Em 2017, para comemorar os 15 anos da orquestra, o maestro se uniu à assistente social Cléo Miranda para tirar do papel a ideia de trabalhar com imigrantes e refugiados e, assim, nasceu a Orquestra Mundana Refugi. "Queríamos movimentar a cena dos refugiados e imigrantes não só porque é uma temática importante do ponto de vista sociopolítico, mas também porque é uma riqueza cultural e musical, que está, muitas vezes, isolada", ressalta Antunes.
A ideia, realizada com o apoio do Sesc de São Paulo, foi tão potente que deixou de ser um projeto e se tornou uma orquestra única, que passou a ter mais integrantes e, também, mais nacionalidades e culturas representadas. Atualmente, a banda conta com membros de países como França, Congo, Venezuela, Irã e Palestina. "Hoje nós somos 23 músicos de 12 nacionalidades diferentes. Cada um tem a sua cultura, respeita o próximo e incorpora a cultura do outro na sua", comenta Antunes. Para o maestro, a convivência, as vivências compartilhadas e até os inevitáveis conflitos tornam a banda ainda mais especial. "Tudo isso faz com que essa orquestra tenha uma singularidade que só ela tem, é a cultura em sua essência. Nosso território sagrado e nosso templo é a música e o respeito", reflete.
Da Turquia para o Brasil
Entre os músicos que se apresentaram em Pelotas está o turco Chadas Ustuntas, 39, que vive no Brasil há 16 anos. O músico, que toca diferentes instrumentos, como viola, alaúde, zurna e duduk, veio ao Brasil após trabalhar um tempo na Argentina e visitar outros países latinos. Ele conta que saiu da Turquia em busca de novas culturas e oportunidades, e acabou criando raízes em solo brasileiro. "Eu fiquei muito à vontade no Brasil, principalmente com a música. No meu país, eu não conseguia trabalhar com música. Aqui, eu vi que isso era bem diferente, que eu poderia trabalhar com o que eu gosto, ganhando um dinheirinho e me mantendo economicamente", conta.
Ustuntas, que já morou em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e mora em São Paulo há alguns anos, faz parte da Orquestra Mundana Refugi desde 2019 e reforça a singularidade de trabalhar com tantas pessoas e culturas diferentes. "Nós aprendemos muito sobre a cultura do outro e isso enriquece muito a gente. Isso nos ensina a não achar que tudo que a gente sabe basta pra viver, que sempre podemos aprender mais", reflete.
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